
No Grande Prêmio São Paulo 2016, a festa do turfe que aconteceu na tarde de hoje (01/05) nas pistas do Jockey Club de São Paulo, houve algumas ausências importantes. Faltaram aqueles jóqueis que, em vista da situação do turfe nacional, deixaram o Brasil em busca de melhores oportunidades profissionais. Entre eles está o jóquei Alexandre dos Santos, participante de dois GP São Paulo.
Trote&Galope foi atendido por Alexandre via internet, que respondeu diretamente de seu novo local de trabalho no hipódromo Ovrevoll Gallop, em Oslo, capital da Noruega.
TG: Como surgiu essa oportunidade de trabalho?
Alexandre: O turfe sempre me permitiu fazer muitos amigos e devo essa oportunidade a alguns deles, apesar de nunca ter pensado em uma carreira fora do Brasil. Mas, como o nosso turfe está passando por tantos distúrbios, tantos "altos e baixos", para mim já estava ficando cada vez mais difícil conseguir montaria. Então, com o apoio da família, resolvi arriscar.
TG: A decisão foi difícil?
Alexandre: No início, essa decisão de viajar para tão longe foi muito difícil. Mas, a minha família me deu a maior força e incentivo. Graças a isso, me sinto cada vez mais confiante para correr atrás de algo melhor, tanto profissional quanto pessoal.
TG: E como fica a saudade?
Alexandre: Estou triste por estar longe de minha mãe, irmãos, cunhados, da minha esposa que tanto amo. E nem preciso falar que dói estar longe da minha filha que é o meu tesouro. Mas isso acaba me dando mais força pela certeza de que estou correndo atrás de uma vida melhor para todos nós.

TG: Quanto tempo pretende ficar?
Alexandre: Não tenho ideia do tempo, mas fico o tempo que for necessário. Tudo está só começando.
TG: Fale um pouco sobre o seu trabalho.
Alexandre: Estou no Ovrevoll Gallop (em Oslo) desde que cheguei, mas tive que esperar a liberação dos documentos. Mas já comecei a montar porque consegui o visto e a matrícula de jóquei. Aqui, eles chamam "licença" e é assim que aparece no site do hipódromo, junto com o nome do jóquei. É claro que todo dia temos muitos desafios. O frio é muito diferente do que eu estava acostumado em Campinas; o idioma é o norueguês, ou o inglês, se preferir. Mas, quanto aos cavalos estou tranquilo; montar é o que mais eu sei fazer.
TG: Há mais brasileiros com você?
Alexandre: Sim, fico feliz por estar entre os amigos Sandro Paiva, Nélson de Souza, Rafael Oliveira, Rafael Freire, Eleones Chaves. E a cada dia vamos conhecendo mais pessoas, fazendo novas amizades.

TG: Quais são seus planos mais imediatos?
Alexandre: É claro que já estou correndo atrás de aprender o máximo, para não ter dificuldades com a língua. Por outro lado, com o visto e a licença nas mãos, estou me preparando e já já posso começar a montar pensando em algo maior. Aqui, nós temos o Derby que é a prova mais importante. Então, vou caprichar para chegar lá.
E sei que não é apenas um sonho não; no Brasil eu participei de dois GP São Paulo e muitas provas importantes. Tenho confiança em minha capacidade profissional e sei que vou conseguir. E o melhor de tudo: sei que a minha família está torcendo por mim.

Alexandre Santos e Kari Petterøe
Estréia com categoria
Logo após a publicação desta matéria, a estréia de Alexandre - na Noruega - chegoi com muita alegria. Não só pelo resultado, mas pela concretização de um sonho, fruto de muito treinamento e dedicação: 1 vitória e um 2º lugar, das três montarias selecionadas ao páreo de 12/05/2016.
LUTAR E NUNCA DESISTIR, este é o lema de seu dia a dia.