Com diferença apertada de apenas 2min59s atrás da equipe espanhola, o Time Brasil com Felipe de Azevedo Morgulis, André Vidiz, Renato Salvador e Rodrigo Barreto arrematou a histórica prata no Longines FEI Endurance World Championships 2021 in San Rossore, na Pisa, na Itália.
O Time Brasil formado por Felipe de Azevedo Morgulis montando Saiph SBV, André Vidiz com Chambord Endurance e Renato Salvador com Uzes Trio, todos montando cavalos de criação 100% brasileira, e Rodrigo Barreto com Koheilan Elvira P, conquistou o inédito título de vice-campeão mundial por equipes no Longines FEI Endurance World Championships 2021 in San Rossore, Pisa, na Itália. Dudu Barreto foi o chefe de equipe e Henrique Garcia, veterinário, parceiros fundamentais nessa importante conquista.
Das 12 equipes, somente três terminaram - com mínimo de três integrantes - a trilha de 160 km no Parco Naturale Migliarino San Rossore Massaciuccoli na Toscana, com seis anéis na bela região da Toscana. Com Angel Soy Coll montando Warrens Hill Chayze, Omara Blanco e For Ferro, Maria Alvarez Ponton que terminaram com a soma de 23h10min34s, a Espanha arrematou o bicampeonato consecutivo 2019/2021, lembrando que em 2020 não houve o Mundial. Outros dois atletas espanhóis, Jaume Punti Dachs e Alex Luque Moral, tiveram problemas metabólicos com suas montarias e foram desclassificados.
Com o excelente tempo de 23h13min35s, o Brasil ficou a apenas 2 min e 59 segundos atrás dos campeões espanhóis. Felipe e Saiph SBV cruzou a linha de chegada em 7h43min6s, André com Chambord Endurance, em 7h43min23s e Renato com Uzes Trio, em 7h47min6s, fechando entre os Top Ten, respectivamente, em 8º, 9º e 10º lugar. Devido a um problema veterinário de Koheilan Elvira P, Rodrigo foi desclassificado após o 1º anel. A França foi bronze, totalizando 23h43min01, praticamente 30 minutos a mais que a soma do tempo dos brasileiros.
A vitória por equipes da Espanha chegou a ficar em cheque, dando esperança de um possível ouro para o Brasil. Mandany, montaria da bicampeã mundial 2008/2010 individual Maria Alvarez Pontoni, estava com os batimentos cardíacos altos no vet check final, mas acabou se normalizando e a amazona fechou em 15º lugar no individual.
No individual, os Emirados Árabes - que ficaram de fora do pódio das equipes por terminarem com somente dois conjuntos - garantiram dobradinha: Salem Hamad Saeed Malhoof Al Kitbi montando Haleh foi ouro, 17h40min09sm e Mansour Saeed Mohd Al Faresi com Birmann, prata. 17h41min30s. Boni Viada de Vivero com As Embrujo foi bronze, em 17h46min51s, garantindo a primeira medalha do Chile na história da competição. Ao todo somente 26 conjuntos de um total de 81 representando 32 países completaram os 160 km da trilha.
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Avaliação técnica
É importante ressaltar que a conquista da medalha de prata aconteceu com o tempo de 23h13min35s, apenas 2 min e 59 segundos atrás dos campeões espanhóis. Só isso mostra a qualidade técnica dos cavaleiros e excelente genética dos cavalos, além do alto nível de competividade da equipe brasileira.
“Resultado espetacular é o que a gente já vinha buscando e era algo que não estava muito distante. Foi um resultado merecido, uma prova muito difícil, competitiva, na qual as principais equipes tentaram correr forte desde o começo e a gente sabia exatamente o que tinha na mão. Tínhamos cavalos de primeira linha e, em cada etapa, soubemos aproveitar o que eles têm de melhor. Espero que seja um divisor de águas no Brasil, que possamos colocar o Enduro no patamar que ele merece,” comemora o veterinário Henrique Garcia.
Vitória em equipe
Felipe de Azevedo Morgulis, que a alguns meses mora em Milão, Itália, competiu com a égua Saiph SBV, de 13 anos. O cavaleiro - que foi o primeiro da equipe brasileira a cruzar a linha de chegada no tempo de 7h43min6s - relembra a trajetória até a conquista do feito inédito para o Brasil.
“Começamos a prova bem, indo numa boa velocidade, mas no primeiro anel tivemos um problema com relação ao percurso e perdemos cinco minutos. Isso é muito. E ainda perdemos o Guigo (Rodrigo Barreto), que foi desclassificado devido a um problema veterinário com Koheilan Elvira P. A partir daí, acabamos nos concentrando em fazer uma boa prova, não na posição. Aproveitamos o que os nossos cavalos tinham condições de fazer e colocamos o nosso ritmo. Logo, no próximo anel, conseguimos melhorar a posição. No último anel, tocamos os cavalos acreditando neles e já largamos melhor, nos tornando, assim, vice-campeões”, detalha Morgulis.
Mesmo desclassificado, Rodrigo Barreto se dedicou a dar todo o suporte necessários aos companheiros no decorrer da prova. “O objetivo com a minha égua era fazer uma prova de segurança para os outros cavaleiros da equipe terem condições de arriscar mais. Mas, infelizmente, não pude concluir a prova. Talvez, se estivesse no final da prova, os outros conjuntos poderiam arriscar mais e poderíamos ter tirado essa diferença de 3 minutos para o primeiro lugar. Depois que sai, continuei dando força para os cavaleiros e auxiliando a equipe como pude. Foi um resultado e uma sensação incrível.”, pontuou Rodrigo.
André Vidiz, de Bragança Paulista/SP, competiu com Chambord Endurance, cavalo de 13 anos. Um conjunto experiente, que chegou na sequência, com 7h43min23s. “É um resultado que muda um pouco o lugar do Brasil no Enduro Mundial e nos permite almejar resultados ainda maiores. O sentimento é de ter aberto caminho para um futuro importante para o Brasil. Não podemos deixar de agradecer aos nossos cavalos, peças fundamentais para a essa conquista”, avaliou Vidiz.
Completando a chegada da equipe, Renato Salvador com Uzes Trio, cavalo de 9 anos de criação própria, fechou em 7h47min6s. “Muita alegria e sensação de dever cumprido. Além dos excelentes cavalos, treinamento e muita dedicação, contou muito a experiência de campeonatos anteriores, onde o Brasil “bateu na trave” em algum deles. O meu particular reconhecimento por aqueles que viajaram com o Brasil, muitas vezes com dificuldades, em amor ao esporte”, ressaltou Renato.
Com a conquista da medalha de prata, Felipe, André e Renato finalizaram entre os Top Ten do Mundial de Enduro: respectivamente, 8º, 9º e 10º lugar.
Investimento na melhor genética do cavalo Árabe
De acordo com Dudu Barreto, chefe da equipe, esse resultado obtido pela equipe brasileira vinha sendo construído há muito tempo. Quando o assunto é criação de cavalos, seja através da busca por conhecimento, treinamento e investimento na melhor genética da raça Árabe, "o Brasil conseguiu chegar a um nível de cavalo que pode competir em qualquer lugar do mundo. E os cavaleiros acompanharam isso, se capacitando para as provas de alto rendimento".
Entre as estratégias que tornaram possível essa conquista, o chefe da equipe cita a preparação dos animais fora do Brasil como essencial. "Três dos quatro cavalos da equipe já estavam na Europa e um no Uruguai, o que ajudou no condicionamento deles. Além disso, o espirito de equipe foi fundamental: trabalhamos muito sério, acreditando que poderíamos levar uma medalha. Foi muito bom estar no pódio, entre a Espanha e a França. Corremos de igual para igual e por muito pouco não trouxemos a medalha de ouro”, explic Dudu Barreto.
Henrique Garcia salienta que, após esse resultado, o Brasil se torna - definitivamente - um celeiro de cavalos de Enduro. Coroando, portanto, o alto investimento em genética que vem sendo feito ao longo dos anos. "São três cavalos de criação brasileira, especificamente para Enduro, linhagens específicas, com alguns cavalos e algumas éguas importadas da Europa, fazendo hoje uma linhagem brasileira de Enduro reconhecida no mundo inteiro. Esse é um prêmio do trabalho que vem sendo feito há anos. Temos os melhores cavalos Puro Sangue Árabe de Enduro na criação brasileira", finaliza.
fonte: Informações à Imprensa (Carola May /Isabella Campedelli, Verônica Formigoni)