Competindo com somente dois conjuntos - Carlos Parro com Goliath, 33º, e Marcio Appel e Iberon JMen - que integrou a equipe no Salto, o Time Brasil finalizou em 12º, em Tóquio 2020. Austrália, prata por equipes, tem Nelson Pessoa, o Neco, como treinador de Salto.
Nessa segunda-feira (2/8), após a 3ª fase do Salto, saiu a definição do pódio por equipes e individual do Concurso Completo de Equitação. O Time Brasil virou em 11º lugar, após o Salto e no Cross Country realizado no domingo (1/8); somente dois dos três conjuntos concluíram o percurso: Marcelo Tosi com Glenfly, com -8,80 pontos perdidos, então 24º colocado, e Carlos Parro, o Cacá, com Goliath, que cruzou a linha de chegada com -22,80 pontos, 33º, ambos sem faltas nos obstáculos, mas ultrapassando o tempo concedido de 7min43s.
Rafael Losano desistiu na reta final da chegada do cross, uma vez que sua égua Fuiloda G cansou demais durante o percurso e o intenso calor e humidade em Tóquio.
Na inspeção veterinária, após o cross e antecedendo o Salto, Fuiloda G não se apresentou bem como Glenfly, que perdeu uma ferradura no cross country e, conforme relato de seu experiente cavaleiro Tosi, estava dolorida demais para retornar ao Salto. Assim, Marcio Appel com Iberon JMen, um Brasileiro de Hipismo de 18 anos, conjunto alternativo / reserva, garantiu sua participação no Salto e fechou com apenas uma falta na entrada do duplo nº 7 (antepenúltimo obstáculo), totalizando 4,40 pontos perdidos. Marcio, que também competiu com Iberon JMen na Rio 2016, anunciou a aposentadoria de seu craque após os Jogos.
Já Cacá e Goliath também cometeram uma falta na entrada do mesmo duplo (-4 pontos), dentro do tempo e, totalizando - 62,90 pontos, fecharam a competição no 33º posto individual entre um total de 63 conjuntos.
Brasileiros com a palavra
Marcio Appel, 42, que entrou de última hora devido a problemas veterinários dos outros cavalos, estava satisfeito e muito emocionado com a sua participação, especialmente porque agora vai aposentar Iberon JMen, que completa 19 anos em outubro. "Claro que a gente queria que a equipe estivesse melhor, tivemos os problemas veterinários que fogem um pouco do nosso alcance. Se o Rafael tivesse terminado, mesmo com a saída do Tosi, talvez a gente brigasse não por medalhas, mas por uma posição melhor que no Rio de Janeiro. Mas, meu cavalo merecia isso, mostra que com essa idade e energia: ele gosta de competir. Foi a despedida perfeita para ele das pistas e eu estou muito feliz em poder proporcionar isso; foi uma linda apresentação. O Iberon é o único BH nessa Olimpíada. Dos 200 cavalos na Rio 2016, só 14 estão aqui em Tóquio, isso realmente foge aos paradigmas. Acho também que eu - um cavaleiro amador e não moro na Europa e monto um BH - sou uma prova que todos nós podemos ir atrás de nossos sonhos", destacou Marcio.
"Agora vou voltar para casa e fazer um novo plano e realmente brigar por medalha. Eu tenho dois cavalos mais jovens, mas vou precisar realmente de mais cavalos para reforçar a equipe. Acho que a pandemia atrapalhou nossos treinos. Outros times têm estruturas mais robustas, mas, dentro da nossa possibilidade, conseguimos dar o nosso melhor. Foi uma bola na trave o Rafa não ter terminado, faz parte do esporte. Queria fazer um bom papel e acho que consegui", finalizou o empresário paulista, de 42 anos.
Carlos Parro, 42, reforçou a necessidade de um bom planejamento no próximo ciclo olímpico. "A gente precisa de mais conjuntos, mais cavalos e ter uma equipe mais forte. Meu cavalo Goliath, sela holandês de 10 anos, sempre foi muito bom no salto. Para mim virou uma coisa individual, o importante é que depois do cross ele saltou muito bem. Como falei depois do cross, o Goliath é um cavalo para o futuro e acho que pode realmente ser muito bom. Problemas veterinários são coisas do esporte. A gente precisa de um planejamento melhor para próxima Olimpíada. Agora temos o Mundial em 2022, Pan-americano em 2023 e depois a Olimpíada de Paris, acredito que o Goliath tem condições de entrar nessas equipes e fazer um bom resultado."
Em entrevista após o cross, Rafael, 23, destacou a necessidade de preservar sua égua Fuiloda G, de 11 anos. "A égua começou bem e na reta final acabou a estamina da égua. Tive que parar. Faz parte do jogo, tentei o mais rápido. Eu sabia que seria duro, essas coisas acontecem com os melhores do mundo. No português claro: acabou a gasolina", comentou Rafael, radicado na Inglaterra.
Marcelo, 52, primeiro brasileiro no cross, estava satisfeito após a prova. "Meu cavalo se portou bem no cross, foi muito bom. O calor pegou um pouco, eu também senti o calor, não é desculpa", disse Marcelo após o cross, ainda sem saber que teria que abdicar do salto. Na hora da inspeção veterinária, Marcelo informou: "O Glenfly perdeu uma ferradura depois do 9B e ficou muito dolorido após o cross country. Hoje, a melhora não foi suficiente para o apresentarmos na visita veterinária e fazer o salto com a mínima condição de poder saltar o percurso. Gostaria de agradecer à torcida de todos que nos apoiaram e toda a equipe que esteve junta nas Olimpíadas de Tokyo 2020. Me desculpem por desfalcar a equipe de hipismo completo do Brasil. Obrigado Genfly!" Genfly é um puro sangue inglês de 16 anos.
Pódios por equipes e individual
A Grã Bretanha - Tom McEven / Toledo de Kerser, Laura Collet / London 52 e Oliver Townde / Ballghmor Class foi ouro com somente -86,30 pontos. A Áustralia - Kevin McNab / Don Quidam Shane Rose / Virgil e Andrew Hoy / Vassily de Lassos foi prata, -100,2 pontos e a França, bronze, 101,4 pontos. Vale destacar que Nelson Pessoa Filho, o Neco, pai do campeão olímpico Rodrigo Pessoa integrante do Time Brasil de Salto, é o treinador de salto da equipe australiana, deixando uma "marquinha brasileira" no pódio das equipes. Em 1964, Neco foi o único representante brasileiro no Time Brasil de Salto, em Tóquio.
Na disputa individual - reservada aos Top 25 - o show ficou por conta da alemã Julia Krajewski, 33 anos, que montando Amande de B´Neville conquistou ouro, totalizando - 26 pontos: Adestramento - 25,20 pontos, cross - 40 pontos, Salto - 1ª passagem 0 e 2ª passagem 0.40 pontos. O britânico Tom McEven com Toledo de Kerser garantiu prata -29,30 pontos e o top australiano Andrew Hoy, de 61 anos, campeão olímpico individual em Sydney 2020, garantiu sua oitava medalha olímpica conquistando bronze, - 31,90 pontos.
Pódio Equipes Ouro Grã Bretanha - 86,30 pontos Prata Australia - 100,20 pontos Bronze França - 101,50 pontos
12º Brazil - 463,60 pontos Carlos Parro / Goliath - 36,10 pontos - Adestramento, - 22,80 pontos (Cross). - 4 pontos - Salto Marcio Appel / Iberon JMen - 4,40 pontos no Salto Marcelo Tosi / Glenfly (não participou do Salto) Rafael Losano / Fuiloda G (desistiu do cross)
Pódio Individual
Ouro Julia Krajewski / Amande de B´Neville - ALE 26 pontos Prata Tom McEven / Toledo de Kerser - GBR -29,30 pontos Bronze Andrew Hoy / Vassily de Larssos -AUS -31,90 pontos
fonte: Imprensa CBH (Carola May e Rute Araújo, colaboração entrevistas Revista Horse - Marcelo Mastrubuono; img: Luis Ruas / Hipismo Brasil)